quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Capitulo 8˚: Flop

(vinte e quatro anos atrás.)
- Crianças, eu e seu pai vamos sair
- Tudo bem mãe.
- Tchau.
- Tchau.
Estávamos nós quatro sozinhos em casa. Eu, Ammy, Megan e Amber, assistíamos televisão, enquanto cobertos com um edredom bem quente para nos manter aquecidos, a noite estava muito fria, pela janela eu podia ver a neve caindo devagar.
Peguei minha mamadeira com chocolate quente, apesar do tempo que já se passou, esse é um dos poucos dias que eu posso lhes contar cada passo que eu dei, eu a tomava enquanto assistia um desenho que passava na televisão.
Ammy era a mais velha, ela estava lá para tomar conta de nós, tinha deixado seu marido em casa para poder passar um tempo com seus irmãos mais novos. Megg estava naquela fase chata que todo adolescente faz questão de passar, e Amber era dois anos mais velha que eu, era minha irmã mais próxima, eu a amava de mais.
Nós, não éramos como muitos irmãos que viviam brigando, muito pelo contrario, sempre fomos uma família muito unida.
Eu estava deitado na mesma cama que Ammy e Amber, Megg era a única que estava separada. Eu me acolhi no abraço de minha irmã mais velha, enquanto segurava a mão da minha mais querida. Eu tentava relaxar, para conseguir dormir, pois eu tinha muito medo de dormir sem minha mãe.
Na hora que se passou, todo mundo começou a cair no sono. Primeiro aquele aperto de mão forte foi se afrouxando, um pouco depois Am virou para o lado e me deixou sozinho. O céu estava nublado, os galhos faziam um som estranho enquanto arranhavam a janela e o vento soprava parecendo um fantasma que nos espreitava. Eu estava com muito medo.
As horas continuaram se passando, e eu podia ouvir o som do ponteiro do relógio que estava acima da televisão se mexendo, e tudo me dava medo, mas mesmo assim continuei assistindo aos desenhos, e com o tempo acabei pegando num sono.
“Tec-tec.”
Acordei com um barulho estranho vindo de lá de baixo. E um pouco depois eu ouvi o barulho da porta de entrada abrindo, logo em seguida alguns barulhos de passos.
Olhei para um lado, e Amber ainda estava ali, do outro lado Amm também estava, quem mais poderia ser?
Os passos estavam mais perto dessa vez, a pessoa estava subindo a escada, me enfiei debaixo do cobertor, e me prendi ao braço de Ammy.
A porta do quarto foi aberta, eu estava com medo de mais para tentar ver quem era, eu não sabia o que fazer. Cutuquei o braço da minha irmã devagar, para tentar não mostrar que eu estava ali, ela abriu os olhos, e eu disse bem baixinho:
“Ammy, alguém entrou em casa e está aqui no quarto”
Am virou o rosto devagar e...
“HAA! estão com medo?!”
“QUE DROGA MEGG! Você deu um susto na gente!”
Ela ficou rindo como se não fosse nada de mais
Depois de pouco tempo todos já tinham voltado a dormir, mas eu continuava acordado.
“Amm, eu não consigo dormir, estou com medo.”
“Está tudo bem, Chase, eu estou aqui com você, pode dormir sossegado.”
Meu apertei contra o corpo dela, mas mesmo assim não me sentia seguro. Depois de alguns minutos, ela já estava dormindo novamente.
Quando eu estava quase dormindo, ouvi o barulho de uma moto lá embaixo, e pouco depois, duas pessoas conversando. Fiquei quieto tentando entender alguma coisa, mas, nada...
Logo após a conversa eu ouvi novamente o barulho na porta lá em baixo.
De um lado Ammy, do outro Amber, e lá embaixo deitada em sua cama estava Megan, com certeza nenhum de nós estava lá embaixo como antes.
“Amm, alguém entrou em casa.”
“O que?”
E voltou a dormir.
Eu me levantei, e me escondi debaixo da cama.
Os passos estavam se aproximando cada vez mais, parecia que estava procurando alguma coisa pela casa, pois ia de um lado para o outro.
Os passos chegaram dessa vez, em frente à nossa porta, e pararam. Eu estava mudo, não sabia o que fazer, e nem sabia o que estava do outro lado da porta.
“PAC!”
Um chute quebrou a porta, e todos acordaram.
Debaixo da cama eu só conseguia ver uma bota preta, e uma calça da mesma cor que cobria o cano alto da dela.
“Vamos, do jeito que estão, todos para a sala já!”
“QUEM É VOCÊ?!”
Ele se aproximou de Megg, quem tinha dito essas palavras, olhou bem nos olhos dela e disse:
“Minha querida Megg, você vai ousar teimar? Ou vai descer sem fazer mais perguntas?”
Na mesma hora ela abaixou a cabeça e saiu andando.
Todos tinham decido, e eu não sabia o que fazer.
Lá de cima eu não conseguia ouvir quase nada, somente alguns sussurros, que não significavam nada pra mim já que não conseguia os entender.
Eu resolvi chegar mais perto.
Sai do quarto e me aproximei da escada. As luzes lá embaixo estavam desligadas, a única coisa que iluminava era uma vela que ele tinha ligado.
Eu conseguia ver a sobra das minhas irmãs sentadas em cadeiras, e mais nada.
“Onde está o Chase?”
“Ele saiu com nossos pais.” Respondeu Amm.
“Eu sei que ele não foi junto. Seus pais estão sendo muito bem vigiados”
Amm ficou muda.
Eu desci mais um pouco para poder entender o que estava acontecendo.
As três estavam amarradas às cadeiras, amordaçadas. Somente Amm estava podendo falar, para poder passar as informações necessárias.
De repente eu encontrei o olhar daquele homem.
“Aí esta você!”
Ele veio em minha direção.
Eu corri para cima de novo, e me escondi debaixo da cama novamente.
“Onde está você?! Eu não vou te machucar!”
Eu estava tremendo de medo, e minhas mãos estavam atadas, minha única segurança sempre foram meus pais, mas eles não estavam ali.
“Chase?”
“Eu só quero conversar um pouco com você.”
Ele entrou no quarto em que eu estava.
“É você aqui debaixo da cama?”
E com somente uma mão levantou a cama, que eu não conseguia levantar nem mesmo com as duas juntas.
Pegou-me pelo braço.
“Por que se escondes de mim? Tens medo?”
Eu balancei a minha cabeça em afirmação.
“Não se preocupe, eu só estou fazendo meu trabalho! Vai ficar tudo bem se você cooperar comigo”
Ele me levou até o andar de baixo, e me colocou entre as cadeiras das minhas irmãs, essas estavam dispostas uma de frente para a outra, como se estivessem fazendo um circulo de conversa.
“Por Favor, leve tudo o que quiser, mas nos deixe em paz”
“Ammy, Ammy. Eu não vim aqui roubar, o meu objetivo é outro.”
“O que quer então?!”
“Em breve você descobrirá”
E colocou a mordaça em Amm.
Megg desesperada começou a chorar, e gritar.
Ele olhou para ela e disse
“Você vai ficar me atrapalhando mesmo?”
Ela chorou ainda mais.
“Então, está tudo bem, já que é assim.”
Ele pegou uma caneta que estava em cima da mesa e disse
“Vou ter que fazer algo a respeito do seu choro.”
Puxou a sua cabeça para trás pelos cabelos, para que seu rosto ficasse de frente para o dela. E então perfurou seus dois olhos com a caneta.
O sangue começou a descer, e pingava em mim, que estava aos seus pés.
O grito dela foi ainda mais alto
Ammy começou a chorar também, e eu fiquei com muito mais medo, porque sabia que não podia fazer nada, e ele ia fazer algo com ela também.
Como já era previsto, ele olhou para Amm...
“Você também quer ganhar um presente?”
Ela continuou a chorar.
“Se a dor de sua irmã te machuca tanto que lhe faz chorar, eu faço questão de não te deixar a ouvir o choro.”
Pegou a mesma caneta, e enfiou nos ouvidos da única pessoa que eu ainda tinha esperança de me salvar naquela noite.
O sangue escorreu de seus ouvidos, e ela chorou ainda mais.
Eu me abracei à perna da Amber, olhei nos olhos dela, e vi que estavam tão perdidos quanto os meus. Ela chorava, mas estava chorando calada, sem fazer barulho, para que ele não piorasse o que já tinha feito.
Ficamos ali durante um tempo, olhando para nossas irmãs mais velhas.
Ele recebeu algumas ligações durante esse tempo, mas ele se distanciava um pouco para que não pudéssemos escutar.
Depois da ultima ligação, ele voltou para perto de nós, deu uma olhada, se dirigiu à cozinha, e voltou com uma lamina em suas mãos.
Olhou para a faca que empunhava...
Amber não suportou, e deu um grito.
“NÃO!”
“CALA-TE! Todos os vizinhos vão te escutar! Tão pequena e já me da tanto trabalho.” Respondeu ele.
“Oito aninhos não é minha queridinha?”
“Sim. Por favor, não faça nenhum outro mau a nós”
“Temo ter a necessidade de fechar a sua linda boquinha.”
Ele começou a andar pela casa, eu só podia ouvir o barulho dele mexendo nas coisas, mas não sabia bem o que era.
Ele voltou com uma linha e uma agulha.
“Pronto. Já sei o que fazer contigo.”
Prendeu a cabeça dela com uma mão, e coma a outra começou a costurar a boca da Amber.
Ele costurou de um canto ao outro da boca, para ter certeza de que ela não gritaria mais.
Minha irmãzinha voltou a chorar calada.
Ele recebeu mais algumas ligações.
Quando voltou, colocou o celular para filmar e disse:
“Dêem um oi para o papai e para a mamãe!”
Depois daquilo nós tivemos certeza de que nossos pais estavam realmente sendo bem observados.
Ele foi de novo para longe falar no telefone.
Mas ao que me parecia, as coisas não estava dando muito certo...