sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Capitulo 7º: No one can see. No one can hear. No one can talk about

“Quantos anos tem Elizabeth?”
“Vinte e seis”
“Poderia saber em que trabalha?”
“atualmente não estou trabalhando com nada...”
Isso me facilitaria muito trabalho.
“Chegamos.”
“Muito obrigada doutor Chase.”
“De nada”
Esperei-a entrar em casa, para poder voltar ao hospital.
O meu dia de trabalho foi mais sossegado do que eu pensava que seria. Não tive nenhuma cirurgia marcada, fiquei sentado em minha cadeira recebendo pacientes.
Quando meu expediente chegou ao fim, peguei minhas coisas e entrei no meu carro, um pouco impaciente, queria voltar logo para casa, e assim feito, tomei um banho, vesti uma calça e uma blusa escura, coloquei um gorro, pois aquela noite estava extremamente fria, e também não queria ser reconhecido... Peguei minha lanterna e meu binóculo e então saí de casa a pé.
Andando pelas ruas eu via todos se acolhendo em suas casas, poucos se atreviam a enfrentar aquela escuridão gélida, as previsões de tempo diziam que naquele dia a temperatura poderia chegar a oito graus negativos.
Cheguei à frente da casa de Elizabeth, e desde já comecei a pensar em uma solução para a seguinte situação: A casa dela era cercada de outras casas, em uma grande vizinhança.
Adentrei um pouco a pequena floresta que ficava em frente a sua casa, e lá subi em uma árvore que tinha um porte pouco maior que o das outras. Peguei o binóculo que carregava comigo e comecei a observar pelas janelas da casa, tudo o que ela fazia, cada passo, todos os seus afazeres domésticos, marcar os tempos que ela demorava em fazer tais coisas.
O namorado dela não era grande ameaça, pois voltava do emprego tarde da noite, quando o fazia ela já estava dormindo a algum tempo.
Fiquei ali os esperando acordar, o dia seguinte era um domingo, eu não teria que ir pro trabalho, então madruguei naquela árvore os observando.
Durante a noite, não aconteceu nada de mais, ele levantou uma vez para ir ao banheiro, e ela duas, em uma delas foi ao mesmo lugar que ele, e na segunda foi beber um pouco de água.
Ela acordou às sete da manhã, tomou um banho, escovou os dentes, e então foi para a cozinha, que foi um dos poucos lugares da casa que eu não conseguia ver de onde estava. Vi algumas vezes ela indo de um lado ao outro da cozinha, e depois de algum tempo ali dentro ela foi para a sala aonde arrumou a mesa para o café da manhã.
Ela fez waffles, preparou café e também um suco, e colocou algumas frutas na mesa.
Depois disso, ela subiu para chamar seu namorado, que levantou ainda com sono, molhou o rosto, escovou os dentes, e desceu para o desjejum.
O dia foi muito monótono, não fizeram nada de mais durante ele, e as duas semanas que os fiquei observando se seguiram igualmente.
A terceira semana, foi um pouco diferente, não para eles claro, para mim. Andei pelas ruas da cidade, e também no entorno da cidade à procura de algum lugar que fosse afastado o suficiente para que ninguém pudesse ouvir os gritos daquela menina.
Uma casa que ficava já fora da cidade me chamou a atenção, ela aparentava estar abandonada, durante o tempo que eu tinha naqueles dias de semana eu fiquei observando aquela casa, e não aparecia ninguém. Com o chegar acolhedor da noite, vesti as luvas que ficavam no porta malas do meu carro, pulei o muro da casa, e entrei.
Lá dentro parecia a cena de um filme de terror, as paredes eram de uma madeira muito escura, que estava apodrecendo, com luzeiros fracos que deixavam um ambiente sombrio. Teias de aranha para aonde olhasse, varias imagens grudadas nas paredes, figuras de santos, que olhavam com tristeza. A natureza ainda orquestrava uma musica de fundo, aonde os assobios do vento, o ranger das árvores, berros estridentes de alguns animais na mata que contornava a casa tocavam uma bela sinfonia. E uma das coisas que poderia a deixar mais desesperada, nenhum sinal de civilização por perto.
***
Era chegada a hora.
Aquele era o dia perfeito. Separei alguns instrumentos que seriam essenciais para aquela noite, entre eles, o bisturi, uma agulha de costura, e uma linha especial, ela era mais grossa, e mais resistente do que as linhas normais.
Esperei ansiosamente as quatro horas da tarde, que era a hora em que ela ficava sozinha em casa.
Toquei a campainha, fiz uma cara assustada, com medo.
“Dr. Chase? O que aconteceu?”
“Elizabeth, por favor, venha comigo, eu acabei de ser chamado para uma urgência, e… eu não sei bem como te dizer isso, mas... Ele sofreu um acidente. Eu não sei se ele vai...”
O medo era nítido em seus olhos, ela correu para o carro ao meu sinal, entramos e então aumentei um pouco a velocidade para ela pensar que estávamos indo ao encontro de seu amado, Mas como já era previsto, depois de um tempo, ela começou a estranhar o lugar que a gente estava indo.
“Doutor, tem certeza que era mesmo ele? Não costuma vir por esse lugar da cidade, receio que tenha se enganado.”
“Não Elizabeth, eu não me enganei. Deixe-me explicar.”
Peguei a seringa que estava do meu lado, e a apliquei-a em seu braço. Na mesma hora ela apagou.
Ela acordou com um pano na boca, com amarras nas mãos e pernas, estava enrolada em um cobertor.
Seus olhos cor-de-mel correram de um lado para o outro da sala, procurava a mim.
“Elizabeth?”
Ela então me viu ali sentado a sua espera.
Deu um berro tentando pedir socorro.
Levantei meu bisturi, e fiquei olhando para ele, vagando em alguns pensamentos.
“Eu sinto lhe dizer... mas... Brian não resistiu aos ferimentos... ele está morto.”
Ela deu outro grito abafado pelo pano na boca, e se quebrantou em lagrimas.
“Eu fiz de tudo para salvá-lo, mas não foi possível.”
Agora eu olhei para ela, o bisturi estava entre meus olhos.
Ela olhou pra mim com medo, mas não era esse o sentimento que suas feições mostravam, era a dor, não física, pois essa ainda estava por vir.
Levantei-me da cadeira me aproximando da cama, e sentei ao seu lado.
Ela tentou gritar mais algumas vezes, mas nenhuma teve sucesso, ela continuava lá.
Aproximei meu rosto dela, de um jeito que eu conseguia sentir o seu respirar pausado, ela estava em estado de choque. A dor era tanta que ela não conseguia nem mesmo se mexer, e sua respiração vinha aos poucos.
Peguei em sua mão, e retirei a aliança que estava em seu dedo.
“Acho que sem ele entre nós você não vai mais precisar disso.”
A cada segundo as lagrimas rolavam em maior quantidade e mais rapidamente, e a respiração baixava de frequência.
Passei a lamina com leveza por seu braço, eu vi a pele dela se abrindo, ficou à mostra uma camada branca, que logo depois de alguns instantes foi pintada de vermelho. Então veio o primeiro urro de dor.
Os olhos dela tremiam, naquele estado ela não tinha controle sobre seu corpo. Lá dentro era somente uma prisão.
O ritmo da respiração se diminuía cada vez mais.
“Mas você não precisa se preocupar, ele morreu lentamente, e sofreu o suficiente. Ele podia sentir cada gota de seu sangue caindo no chão. E sentiu a vida saindo dele, segundo a segundo, o tempo que se decorreu do momento do acidente até o a hora de seu óbito foi mais demorado do que toda a sua vida.”
Ela deu uma respirada mais forte, e em seguida soltou todo o ar nos soluços de seu choro.
Outro corte.
“uuuuuuuuuuuuuuuuuuuuur”
O grito abafado dela novamente não foi o suficiente.
À medida que cortava sua pele, eu podia ouvir o barulho da lamina a rasgando.
“uuuuuuuuuuuuuuuuuur”

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Muitos golpes já haviam sido desferidos.
Tirei o pano de sua boca.
“Você fez algo para o ajudar?” Sussurrou ela.
Ela não ligava para o que seus próprios problemas, a maior dor era sua perda.
Essa pergunta eu não respondi.
Peguei a agulha e a linha que eu tinha trago, e me sentei ao lado dela.
“Lamento te dizer, mas, você não pode contar pra ninguém o que aconteceu aqui hoje.”
“Eu não irei, somente me fale que Brian está bem.”
“Receio não poder fazer mais nada”
Com a agulha perfurei o canto da boca dela, no lábio inferior. Um pouco de sangue molhou a linha.
Dessa vez o grito dela foi mais audível, Já não estava mais abafado. E aos poucos ela voltava a ter os movimentos. Já era tarde de mais.
A boca dela ia se fechando cada vez mais, e ela não conseguia mexer as partes costuradas, e assim foi, durante alguns minutos, que por sinal demoraram horas para ela. Depois de um tempo a boca dela tinha sido completamente costurada, comecei e terminei no mesmo lugar da boca.
O corte que eu fiz dessa vez era maior e mais profundo que os outros, cortei desde o começo de seu tórax, até o final de sua barriga.
O grito dela, mesmo com a boca atada, foi ensurdecedor, e com a força que ela fez, a pele dela que estava segurando a linha de costura cedeu um pouco, vários cortes se abriram onde estava a linha, e a boca dela começou a sangrar. Com isso veio mais um grito, e assim, a pele cedeu mais um pouco, aumentando ainda mais o corte.
O tronco dela estava completamente manchado de sangue, e esse já escorria pelo colchão onde ela estava deitada.
Pouco a pouco eu vi as forças dela se esvaindo. Sua respiração diminuía novamente o ritmo, o pulso dela era mínimo, Elizabeth não tinha mais sangue para correr em suas artérias, seus olhos já não tremiam mais como antes, os músculos que antes contraídos por causa do choque agora começavam a perder as forças.
Uma ultima lagrima rolou em seu rosto.
Seu olhar se perdeu naquela sala.
Elizabeth estava morta.
Sentei-me no sofá, e nada passava pela minha mente, nenhum pensamento, nada, somente um alivio. Eu relaxei por alguns momentos, fiquei ali sentado.
Decorrido mais ou menos uma hora, fiquei olhando para o corpo dela sem vida, eu me levantei, e então peguei tudo o que tinha usado, fui à cozinha da casa, e limpei. Entrei no meu carro, tirei minhas luvas, e finalmente dirigi de volta para casa.
Sem ligações para a policia, sem nenhuma cirurgia delicada, o corpo dela ficaria ali até que alguém sentisse o cheiro de putrefação.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Capitulo 6º: Lifeless

Aquele era um dia triste, todos ao meu redor estavam em dor. Abaixo de mim estava embalsamado o corpo daquela menina, que dias atras vi rangendo de dor. Até o céu chorava, menos eu.
Essa é a primeira vitima que eu vejo sendo enterrada, além de a matar eu estou aqui em seu funeral.
Via nos olhos de seu pai sua imensa triste. Com olhos fundos, escuros, e um olhar forte, não consegui esconder o que gritava no âmago de sua alma. Aquilo foi satisfatório.
Todos compartilhavam de uma mesma dor.
Charlie tinha me convidado para aquele evento pois eu era o médico mais próximo a família, e por que eu tinha sido aquele quem primeiro atendeu a menina no hospital ele queria que eu estivesse compartilhando daquele momento.
Observava todos ao meu redor, não deixava passar nada despercebido, cada lagrima, cada gesto, cada soluço, aquele era meu prêmio final.
Entre eles se destacou um menina, a que todos chamavam de Elisabeth, ela tinha seus vinte e cinco ano mais ou menos, e estava acompanhada de sua amiga Maria que teria aproximadamente a mesma idade.
Em seus olhos eu via muitos mistérios, medos, inseguranças. Uma vitima perfeita.
Diferentemente das minhas primeiras, ela tinha um cabelo escuro, um castanho escuro, prendia seu cabelo para traz e deixava apenas duas mechas que delineavam seu rosto. Tinha olhos cor-de-mel, e uma pele alva. De salto ela ficava um pouco maior do que eu, deveria ter quase um metro e oitenta de altura, com uma bela silhueta.
“Susan foi uma boa menina durante sua vida, que Deus a tenha.”
No auge do outono, eu podia ver as folhas secas caindo ao chão, eu acho que era o único ali que ficava prestando atenção nessas coisas. Essas folhas amarelo-alaranjadas tinham três pontas, e dava para ver as estrias se ramificando por dentro dela. Apesar de secas, pareciam ainda vivas.
Flashs de memória apareciam a todo tempo em minha cabeça, me lembrando da cena de duas noites atras, o grito estridente ainda inflamava meus ouvidos, eu os ouvia como se ela ainda estivesse ali do meu lado. Todo aquele desespero, aquela dor, tudo aquilo.
Parecia que ela estava olhando para mim, mesmo de olhos fechados… era como se ela ainda estivesse comigo. Ela nunca me deixara, somente a esse mundo.
No dia de seu óbito ela estava vestida de preto, um vestido que ia até pouco acima do joelho, estava com uma maquiagem leve no rosto, porém essa destacava todos os seus traços, seus olhos, seus lábios, tudo combinava. Tinha um olhar sensual, e seu vestido acentuava seu busto. Com um corpo definido e um tanto afeminado ela seria capaz de conquistar qualquer rapaz.
Eu estava em seu quarto a esperando enquanto ela tomava banho para poder sair. Demorou bastante para se arrumar, mais ou menos uma hora e meia, mas paciente que sou esperei.
Depois que estava pronta, saiu do quarto, com aquele visual estonteante. Admirei-a um pouco antes de qualquer coisa…
Depois de alguns minutos a observando, levantei-me do canto escuro aonde estava sentado, e enquanto ela estava de costas apliquei uma injeção de entorfina em seu braço para poder começar com a cirurgia.
Extraí com cuidado seus tímpanos para que ela não me pudesse ouvir, vendei-a e a deixei deitada em sua cama, até que acordasse.
Quando isso aconteceu, passei meu braço por seu corpo, agora, semi-despido para que ela pudesse saber da minha presença.
Ela não sabia bem o que lhe atacara, mas sabia que eu estava ao seu lado. Começou a suar frio, e vi uma lagrima escorrer. Perguntou algumas vezes quem era, mas não respondi, ela não tinha como saber...
Comecei meu ritual, passo a passo, todos os cortes, com direito a cada grito e cada choro. Quando ela caiu no chão já sem aguentar, sentei-me de frente a ela, e ao soar de sua voz me perguntando quem era eu respondi de um jeito simples, coloquei meu dedo na mão dela e fui escrevendo devagar.
“Dr. Chase”
Ela foi a primeira pessoa que soube quem eu era.
Em seguida, o ultimo passo do ritual.
“tuuuu tuuuu”
“Policia, em que posso ajuda-lo?”
“Socorro, ele vai me matar.”
“tu tu tu tu”
Um pequeno corte na artéria braquial.
Olhei para ela, mas percebi que estava arriscando de mais.
Cortei sua língua, o que aceleraria a sua morte, mas seria necessário, coloquei um pano em sua boca e saí do quarto.
“em nome do pai do filho e dos espirito santo, amém”
Todos se viram diante do ultimo instante em que sentiriam a presença de Susan, pareciam estar perdidos em seus olhares, lembrando de coisas distantes, cada um deles.
E por fim, o caixão foi abaixado, e ela enterrada.
De um em um foram saindo daquele lugar. O primeiro a sair foi Charlie, ele era o que aparentava estar mais abalado, não duvido nem um pouco disso, ele viu o ultimo suspiro de sua filha que morria em sua frente, e mesmo assim não pode fazer nada. Em seguida saíram Claudia e sua mãe, pouco depois Elizabeth e Maria se despediram, essa ultima teria que ir para casa de taxi. Estavamos enfim eu e Elizabeth
“Elizabeth?”
“Dr. Chase?”
“Porque ainda esta aqui?”
“Eu não tenho como ir agora, meu namorado está um pouco atrasado, mas logo logo ele chegará aqui.”
“Se importa se eu a levar para casa?”
“Seria muito melhor para mim doutor.”
“Então vamos."

Capitulo 5º: Funeral

Aquele era um dia triste, todos ao meu redor estavam em dor, abaixo de mim estava embalsamado o corpo daquela menina que eu tanto amava. Até o céu chorava.
O padre falava algumas coisas em frente ao túmulo, mas na verdade ele nem conhecia a menina que ali estava...
Cada memória ainda ardia em minha memória, e ainda me arrependo do que fiz. Ela não falava comigo desde então.
Susan tinha, naquele 17 de agosto, vinte anos. Tinha concluído com sucesso o seu ensino médio, tinha passado em uma ótima faculdade, e agora, quero dizer, naquela época, ela estava cursando jornalismo, tinha grande vontade, desde criança de viajar por todo o mundo, conhecendo de tudo, entrevistando pessoas. E com o tempo isso foi crescendo, até que conseguiu se formar no que sempre quis.
Naquele dia, um domingo, nos reunimos na casa de meus pais, para ficarmos todos juntos, íamos para o almoço e voltávamos somente a noite, esse era um costume que tínhamos desde que eu era pequeno.
Aquele dia foi diferente, porque ela não foi sozinha. Junto com ela, entrou na sala um rapaz alto, com seus vinte e dois anos mais ou menos, tinha um corpo esbelto, olhos escuros, um cabelo curto. Ele tinha também alguns adornos nas orelhas. Tinha os dentes brancos, uma pele bem clara. E ainda me lembro como se fosse hoje, estava vestindo uma camisa fina de mangas compridas. Ela era preta com listras brancas quase imperceptíveis, estava com uma calça Jeans e um all star branco com detalhes pretos.
Ela estava feliz, com um sorriso que ia de uma ponta a outra do rosto. Era seu primeiro namorado.
Aquilo pra mim foi a maior ofensa que poderia existir. Eu não aceitava o fato de minha pequena filha tinha crescido, e fui totalmente contra isso, a humilhei na frente de seu novo namorado.
Ela não aceitou isso de forma alguma, e depois desse dia, ela nunca mais foi a mesma comigo.
Aconteceu que tempos depois desse dia, eles terminaram, não tinha dado certo, mas mesmo assim, ela nunca mais falou comigo, o que tinha magoado não era eu ter rejeitado o namorado dela, era eu ter rejeitado a decisão dela, eu a magoei de forma que nunca mais mudaria.
“Susan foi uma boa menina durante sua vida, que Deus a tenha.”
As palavras do padre me acordaram do meu transe.
Deus nunca teria sido muito presente na minha vida, eu não acreditava muito nesse tipo de coisa.
Junto comigo não estavam muitas pessoas. Reunidos ali éramos sete. Eu, o padre, o Doutor Chase, Maria e Elisabeth, que eram duas amigas intimas de minha filha, Claudia, que era minha ex-mulher, e sua mãe.
“em nome do pai do filho e dos espirito santo, amém”
Ao redor do buraco cavado no chão tinham milhares de folhas que enfeitavam o cenário, aquela terrível cena de horror agora se transformava em uma linda tarde de outono, Susan sofrera muito, mas agora tinha um sepultamento que apesar de triste, era belo. Agora eu podia ver a paz em seus olhos.
Essa seria a ultima vez que veria minha filha.
Dei uma olhada bem atenciosa, prestei atenção em todos os pequenos detalhes que podia ver do que o assassino tinha feito. E com mais uma olhada, vi todos os pequenos detalhes de seu rosto, como ela havia mudado. Relembrei tudo o que tinha passado com ela, sua infância, seu crescimento, adolescência. Susan nunca tinha sido uma filha ruim, muito pelo contrario, eu me orgulhava muito dela.
Senti uma lagrima rolando em meu rosto.
Ao meu redor as pessoas faziam o sinal da cruz, porém eu continuei quieto, observando aquilo que fora tudo pra mim.
Eles fecharam o caixão, o colocaram no buraco, e ali se foi. Aquela seria a imagem que eu carregaria pro resto da minha vida.
***
Os médicos legistas disseram que tinham feito muitos cortes nela que a causaram muita dor antes de morrer, disseram também que aquilo não tinha sido rápido, e que o único corte que poderia ter levado a sua morte era um corte embaixo do braço que teria perfurado sua artéria braquial. E disseram ainda, que tinham marcas perto de seus olhos que indicavam que ela tinha sido vendada, e que para que não escutasse nada seus tímpanos teriam sido furados,além disso, sua língua tinha sido precisamente cortada.
Não me impressionava que tinha muitas coisas em comum com a morte que acontecera poucas semanas atras, o que me deixou pensando foi o porque dos tímpanos furados.
Revirei alguns papeis das investigações, li todos os registros, porém, como sempre, nada.
Não tinha nada que pudesse nos levar a alguma pessoa, e nos até agora só tínhamos um suspeito, que até agora não tinha sido encontrado, esse era o namorado atual da minha filha, que não estava presente na cena do crime, e não achamos o seu corpo em lugar nenhum nos arredores da casa.
O nome dele era Joe, eu nunca o conheci, minha filha nunca mais me apresentou um de seus namorados. Minha ex-mulher ao contrario de mim o conhecia bem, quando a fui interrogar a respeito dele, ela disse que ele era um bom homem, e que nunca o tinha visto fazer algum mal a nossa filha, disse também que ele aparentava a amar muito, e que pretendiam em breve se casar.
Ela disse que ele tinha viajado para uma convenção e que voltaria em poucos dias.
Mandamos policiais atras dele, como principal suspeito ele teria que estar na cidade, e tínhamos que interroga-lo o mais rápido possível.
Aquele dia tinha sido muito difícil para mim, arrumei minhas coisas, entrei no meu carro e fui para casa, descansar porque eu não conseguia trabalhar direito com tudo aquilo na cabeça.
Deitei-me em minha cama, e caí em um profundo sono, sem sonhos, apenas aquele escuro durante toda a noite, parecido com o escuro que tinha se tornado agora a minha vida.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Capitulo 4º: A sad, sad situacion

“A noite de domingo um crime que aterrorizou mesmo os mais experientes policiais tomo conta dos noticiários de nossa cidade, a policia recebeu um chamado de uma menina que ao telefone pediu socorro.
Sabiam que alguma coisa podia estar acontecendo mas não tinham muita certeza do que poderia estar acontecendo.
Duas viaturas da policia juntamente com mais uma ambulância se deslocaram para o local de onde vinha o sinal do telefone, chegando no mesmo, acharam uma casa que estava com as luzes, todas elas apagadas, e entrando na casa encontraram, deitada em sua cama, a engenheira civil conhecida por muitos aqui, Rachel Lay morreu ontem aos vinte e oito anos de idade.
Não foi assassinato comum, de acordo com o relatório da perícia e o que falaram os policiais que primeiro viram aquela cena, os cristalinos de seus olhos foram retirados, em toda a sua pele tinham múltiplos cortes superficiais que não levaram a sua morte, porem havia um corte por debaixo do braço que de acordo com o que nos foi dito, penetrou em sua artéria braquial, esse sim a teria levado ao fim, porem no seu rosto não havia nenhum tipo de ferimento.
Também foi encontrado no quarto o corpo de um jovem rapaz, que testemunhas disseram ter visto sair de uma festa com ela, a acompanhando em seu carro.
A morte dele, de acordo com a perícia foi uma morte rápida e não muito dolorida.
A cidade amanhece chocada com a barbaridade desse crime.
Aqui quem falar é Ellen Castro com as noticias do dia”
A chuva caía do lado de fora da casa, e trovejava bastante naquela manhã de segunda-feira, e eu tinha que me arrumar para voltar ao meu trabalho.
Essa cidade estava ficando cada vez mais perigosa, antigamente ser policial era mais fácil, em toda a minha carreira eu nunca tinha visto uma cena que, se quer, se igualaria com a de ontem, eu ainda estava em choque com o que tinha visto. Porém o meu trabalho era proteger pessoas como aquele jovem , ela não tivera nem mesmo a chance de se proteger, e no rapaz que estava caído na sala principal não havia nenhum sinal de batalha, parece que ele morreu sem nem mesmo saber o que era tudo aqui, não pode nem tentar proteger sua anfitriã.
Vesti meu uniforme, peguei minhas chaves, e exausto abri a porta da garagem e entrei em meu carro, hoje eu ia ter mais um longo dia, e estava extremamente cansado, não tive tempo de descansar da noite passada, mal cheguei em casa e já tinha que voltar pro trabalho.
Virei a chave, o carro fez aquele barulho que não me alegrava pela manhã, ele me mostrava que eu estava acordando cedo para mais um dia aonde eu não iria conseguir repousar, cheio de novos casos para fechar, e um monte e bêbados da noite passado que acabaram arrumando confusões.
Em vez de ir direto para o trabalho, passei em uma rua que ficava eqüidistante em relação ao trabalho porém era perpendicular à delegacia aonde eu passava a maior parte da minha vida, Passei na starbucks que ficava ali e pedi um café simples, com um extra de açúcar para me manter acordado.
Chegando no trabalho o assunto era um só, todo mundo estava impressionado com o que tinha acontecido na noite passada. Sendo eu um dos policiais que estava lá na noite passada, já sabia que virarei um dos centro de atenção durante algum tempo, o que era péssimo para mim que sou um tanto reservado.
Policiais novos na corporação ficavam estupefatos com o que tinha acontecido, e ficavam imaginando que a vida de um tira seria mais ou menos como eles viam na televisão quando eram pequenos, e acabavam ficando empolgado ao invés de estarem com medo do que estava acontecendo.
***
Os dias que se passaram depois do ocorrido foram lentos e entediantes, não paravam de aparecer os mesmo tipo de coisas, nada de mais.
Aonde eu passava durante a ronda pessoas me perguntavam sobre o caso, porém eu não tinha sido autorizado a falar nada sobre ele. O caso ficaria durante um bom tempo restrito somente a policia, estávamos tentando pegar o criminoso que fizera isso, mas mesmo depois de muitas analises, e buscas por pistas que os peritos fizeram na casa não encontraram nada. Nos já estávamos sem saber o que fazer, a população pedia desesperadamente por uma resposta pra esse crime, as ruas estavam quase sempre vazias, todo mundo tinha ficado com medo do que acontecera.
Enquanto isso, o jornal da cidade dava desculpas xulas e tentava convencer a população de varias coisas, nada que você não veja no jornal da sua cidade, todo aquele sensacionalismo e aquela idéia que eles queriam transmitir de que realmente se importavam com o que estava acontecendo, mas na verdade só se importavam se você estava assistindo ou não. Falavam de novidades sobre o caso sem nem mesmo saber o que estava falando, inventavam qualquer coisa para prender as pessoas na televisão.
“Tivemos um chamado de socorro. Todos os policiais que estiverem perto da casa por favor se dirijam a ela.”
O endereço aparecia em um GPS que ficava preso mais ou menos no meio do vidro da frontal do carro, e não estávamos muito longe.
“iuiuiuiuiuiuiuiuiuiuiuiuiuiu”
ligamos a sirene do carro para chegarmos mais rápido no local aonde teria acontecido o crime, no carro eu estava dirigindo e ao meu lado direito estava Derek, que era meu parceiro a mais ou menos cinco anos. Não era bem o tipo legal de cara, mas como também nunca fui, não me importo com o jeito rabugento dele de ser.
Era uma casa estranha, com muitas arvores no terreno, não tinha muita vizinhança ao redor, ficava em um novo local de casa que ainda estava em construção na cidade. De umas cores frias, como o bege, salmon, azul claro... não era uma casa chamativa, tinha um porte mais resguardado, de forma alguma seria imponente.
Ainda era dia, o sol não estava mais a topo, diria que eram mais ou menos umas cinco horas da tarde.
“Tum Tum Tum”
“aqui é a policia, por favor abram a porta.”
Ninguém vinha.
Dei uma espiada pelas janelas do andar inferior mas não via nada lá dentro. Me distanciando um pouco mais da porta tinha vi algo estranho na janela do segundo andar. Apertei um pouco os olhos e vi o que não esperava.
Novamente, era uma menina, por um momento achei que seria minha imaginação tentando me pregar uma peça, mas era real.
“RAPIDO, ENTRE DENTRO DA CASA!”
Arrombamos a porta e corremos para o segundo andar da casa tentando encontrar o quarto aonde a tinha visto, era o ultimo quarto do corredor, mesmo um pouco longe eu conseguia ver as manchas de sangue no chão.
Chegamos na porta, e vi aquela menina apoiada em seus joelhos, ela olhou para mim com um olhar de desespero, vi o tórax dela se enchendo, ela fechou os olhos, expirou, e caiu no chão morta.
Chamamos a ambulância, ligamos também para a central da polícia pedindo reforços porque se déssemos sorte quem tivera feito aquilo ainda estaria por perto.
Desci correndo degrau por degrau da escadaria, puxei o revolver que estava em meu coldre, e comecei a vasculhar a casa a procura de alguém, nada,nada, em lugar algum. Na sala eu vi uma pequena seringa, mas resolvi a deixa lá para não atrapalhar na investigação da perícia. Corri para fora de casa, a área lá era muito grande, eu não sabia nem mesmo por onde começar a procurar, corri sem esperanças por todas as direções, mas novamente, tudo o que achei, foi nada.
Distante dali comecei a ouvir o barulho das sirenes policiais e da ambulância que corriam para chegar àquele lugar.
Ajoelhei-me, aquilo foi muito forte para mim, eu não sabia o que fazer. Eu fiquei sem palavras.
Ela era tudo o que eu tinha.
Aquela menina, Susan era minha.
Susan era minha... Minha filha.

Capitulo 3º: A strange feeling

Não me restava muito tempo, a polícia já estava a caminho, provavelmente a partir do momento que ouviram sua voz baixinha sussurrando em um desespero, esse confinado dentro de um corpo que já não tinha forças para continuar, a não ser que tivessem pensado que fosse um trote ou algo do tipo. O que não seria do feitio deles, e além do mais, não seria um bom começo à minha trama.
A sinfonia ainda tocava ao fundo, mas o barulho da água passando pela lamina do bisturi me acatava. O sangue escoria pelo ralo, enquanto eu me indagava o que estava fazendo minha vida me parecia satisfatória, mas não o suficiente, sempre sentia um vazio dentro de mim, um vazio que nunca se fechou.
De repente, ouvi vindo de bem distante, o primeiro soar da sirene naquela noite. Tudo saia como tinha sido planejado, a policia demoraria cerca de 5 minutos para chegar em sua casa a partir do momento em que eu ouvisse o primeiro zombar da sirene.
Guardei meus instrumentos rápida, porem calmamente, em minha pasta, dei uma ultima olhada naquela linda garota, e me retirei de sua casa pela porta dos fundos.
Enquanto eu escutava os sons das sirenes se aproximando eu corria em direção a mata que ficava atrás de sua casa, me distanciei o suficiente para não poder ser pego tirei o binóculo de minha mochila, e observei a chegada da policia, o desespero nos olhos deles, o medo em alguns, esses pareciam ser os mais novatos.
Meu carro estava do outro lado da margem de um rio, guiei meus passos em direção ao cais, um pequeno caiaque me esperava para alcançar a outra margem, um ultimo suspiro olhei novamente em direção a casa e entrei no caiaque.
Remei em direção a outra margem e quando aportei à ela corri um pouco mais e entrei no meu carro, saindo dali como se nada tivesse acontecido, não poderia deixar nenhuma marca.
O caminho de volta para casa parecia ter sido estendido, o tempo parecia não correr, eu parecia estar estagnado nele. Tudo parecia atrasar um pouco mais, a musica não ajudava as pessoas nas ruas, a cidade estava cheia de gente aquela hora, a vida dessa se mostrava a partir das dez horas da noite e acabava pela manhã.
Quando parei em um sinal e olhei para o lado, vi um senhor dirigindo o caro da minha direita, me imaginei no futuro, o que seria de mim, porque havia feito aqui?
Talvez aquilo se tornasse minha vida agora, eu tinha medo do que me esperava, mas sinceramente, eu não poderia ser pego, eu tinha noção do que estava fazendo.
A morte e a vida me acompanharam a vida inteira, desde criança convivo com elas, principalmente com a primeira, e em meu oficio convivo com ambas diariamente.
Olhei-me no espelho do carro, pouco antes disso, pensei que não gostaria do que veria, mas ao olhar, nunca me senti tão orgulhoso. Uma sensação fria e cruel me tomava por dentro e estranhamente eu me sentia revigorando e extremamente bem com isso. Parecia algo que me acompanhava. Pela primeira vez na minha vida, eu senti meu coração pulsando eu me senti vivo.
O verde do sinal se mostrou, então rumei a minha casa novamente.
No caminho notei algumas brigas em bares, discursões por motivos variantes entre outras coisas que perturbavam a pacividade daquela cidade, que apesar de estar sendo sitada não era bem uma coisa que se via todo dia.
Parei embaixo daquele apartamento alto, tinha seis andares, com dois apartamentos por andar. Não tinha muitos moradores, então eu era bem conhecido ali, todo me chamavam pelo nome.
"Boa noite senhor Chase."
"Boa noite"
Subi as escadas que levavam ao saguão principal do apartamento, onde ficava o elevador que levava ao meu andar, e entrando,apertei o botão que levava ao terceiro andar.
Entrar em casa foi um pouco mais fácil do que tudo aquilo que eu tinha passado antes... Não sentia mas aquele remorso que antes tomava meus pensamentos, meu ser tinha sido inundado por aquele sentimento que senti enquanto estava no carro, um sentimento de paz.
Por alguns segundos me deitei no sofá da sala, e tive medo de mim mesmo.
Nos minutos que se seguiram eu fiquei ali deitado, enquanto refazia os passos daquela cena em minha mente. Tudo estava tão claro, era como se ainda estivesse lá, cada imagem, cada som tudo ainda queimava em minha mente.
Não vi o tempo passar, e quando me dei conta estava quase dormindo, foi tarde de mais para ter coragem de levantar e ir deitar em minha cama, continuei alí naquele sofá e dormi.

***
Fui acordado de manhã pelo barulho dos pássaros que cantavam proximos a minha janela, o sol ainda nascia no horizonte, e as ruas ainda estavam vazias.
Entrei no banheiro, e enquanto escovava meus dentes, abri a torneira da banheira para a água enche-la. assim que o tinha feito, despi-me e entrei na banheira, consiguia ver o ar quente que subia e manchava os espelhos, que me aquecia naquela manhã gelada.
Depois de um banho relaxante e demorado, levantei-me, enxuguei-me e coloquei as roupas do meu trabalho, sentei-me à mesa e tomei meu café da manhã.
Ser homem solteiro na hora de se alimentar não é uma coisa muito boa, não tinha ali uma variedade de coisas para comer, então me restringi um pão velho, da noite passada, com um presunto que estava escondido no fundo da geladeira.
Depois disso desci o elevador e me dirigi ao carro, então fiz meu caminho em direção ao meu trabalho.
O caminho não foi muito conturbado, porque depois da ressaca da noite passada as pessoas não conseguia acordar tão cedo assim.
Cheguei sem mais problemas ao estacionamento, estacionei o carro, peguei minhas coisas. e então entrei.
Aportando à minha sala fui avisado de que já havia pacientes a minha espera, então entrei em minha sala, e preparei-me para mais um dia de trabalho.
"Doutor Chase, a cirurgia do seu paciente Dante foi marcada para hoje às 3 horas da tarde."
"Muito Obrigado Natalia."

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Capitulo 2º: First Step

O relógio marcava meia noite.
Sentei-me na poltrona à sua espera, parecia que o ponteiro se movia cada vez mais lentamente.
As luzes da sala estavam desligadas, lá de dentro daquela casa eu conseguia ver todo o movimento na rua, quero dizer, conseguia ver que não havia nenhum movimento na rua. Ela nunca demorara tanto para chegar.
Seu nome é Rachel, loira, olhos castanhos, um metro e setenta de altura, um rosto fino e delicado, aquele tipo de mulher que todos param para admirar. Ela tinha uma franja que parava pouco acima de seus olhos, um cabelo ondulado, suas sobrancelhas eram extremamente bem desenhadas, e seus lábios eram delicadamente perfeitos. Parecia ser filha de Afrodite.
Ela era uma engenheira civil extremamente bem sucedida e independente. Solteira.
“Raaaaaam” Pela primeira vez nessa noite eu ouvi o rouco do motor do carro dela. As luzes chegaram um pouco depois que eu ouvi o barulho ao longe.
Ela passou pelo portão principal daquela casa, deu a volta na estatua que bifurcava a pista e parou o carro em frente à fachada da casa que era sustentada por dois pilares de mais ou menos 4 metros de altura cada, com desenhos esculpidos em seu fuste que lembravam vagamente a coluna de trojano, em Roma.
Ela desceu do carro com todo o seu charme e sua elegância. Estava trajada com um vestido Prada Vermelho-sangue, nos pés calçava um sapato preto clássico, segurava uma bolsa pequena em suas mãos. Tinha um colar e uma pulseira dourados.
Mas o que eu não esperava aconteceu.
Eu já deveria ter previsto.
Da porta esquerda do carro, a porta do carona, saiu um rapaz com boa aparência, ele estava dentro de um terno preto, por baixo do terno estava com uma camisa branca e com uma gravata de cor próxima a do terno.
Eu não poderia dar para trás agora. Estava tudo pronto, e tudo planejado.
De um segundo para o outro meu coração disparou. Sentia em minha cabeça o sangue pulsando. Ao mesmo tempo em que estava determinado a terminar o que eu tinha começado o medo começava a dominar meus pensamentos.
Acolhi-me atrás da porta da entra, que tinha aproximadamente 3 metros de altura. De repente a porta girou, ela o fez entrar primeiro, e assim que fechou a porta eu me vi obrigado a terminar o que tinha começado.
Ela fez uma cara de surpresa ao perceber que o som central da casa estava tocando uma das sinfonias de Beethoven.
Ela correu para desligá-lo. Quando o fez, eu me levantei devagar. Foi nessa hora que o rapaz que a acompanhava olhou para traz e me viu ali, escondido na escuridão.
Pude ver a expressão de surpresa e ao mesmo tempo uma pitada de medo em seu olhar.
Levantei-me vagarosamente, e quando ele conseguiu abrir a boca para falar algo, já era tarde de mais, já estava morto. Com um corte no pescoço. Não deu tempo nem mesmo dele entender o que estava acontecendo.
Ela olhou para mim com terror.
“eu não tinha planejado mais alguém nessa casa. Não foi o dia dele hoje.”
“que-quem é você?”
Ela estava com tanto medo que congelou depois disso.
Conforme fui me aproximando o pânico aumentava.
Ela só podia ver minha sombra.
Não tinha noção do que estava vendo
Estava tudo muito escuro.
Apliquei uma injeção de etorfina em seu braço.
Ela desmaiou, coloquei-a em meus braços, e subi até o segundo andar da casa, onde seu quarto já estava preparado.
Coloquei-a em cima da cama, e peguei meu equipamento, e então sujei pela primeira vez minhas mãos com sangue inocente.
Perfurei com cuidado seus olhos, um procedimento cirúrgico para extrair os cristalinos dos mesmos.
Para que ela não me pudesse ver.
Depois de um tempo que eu tinha terminado ela acordou, ela pensava que era tudo somente um pesadelo, mas quando abiu os olhos, o pesadelo ainda não tinha acabado.
Mais uma vez o medo tomou conta dela
Ela começou a gritar, começou a tentar correr pelo quarto. Batia-se nas coisas e acabava se machucando.
“POR QUÊ?!”
Eu não tinha respostas para essa pergunta, só sabia que o tinha que fazer.
Então
Comecei.
Um monte de facadas, aparentemente aleatórias, mas que apresentavam uma coisa em comum, nenhum ferimento mortal.
Os gritos de dor me machucavam um pouco, mas me faziam sentir melhor.
Isso não foi rápido, demoraram algumas horas.
O que mais a dava desespero era que ninguém a podia ouvir. Sua casa havia sido construída longe de qualquer outra, visando estar em um lugar pacifico e calmo. Que ironia.
Quando ela já estava sem forças para continuar vivendo vinha a parte principal dessa trama.
“tuuuu tuuuu”
A polícia atendeu
Tudo o que puderam ouvir foi: Ajudem-me. Ele vai me matar.
E então abri um corte bem pequeno abaixo de seu braço, que perfurava sua artéria braquial, um furo pequeno o suficiente para que desse tempo para os policiais chegarem e ela ainda estar viva. Em seus últimos suspiros.
Então a deixei no quarto, deitada em sua cama. Já não mais trajada em seu lindo vestido, coloquei-a em um short e uma blusa, ambos de seda, que eu havia achado em seu armário.
Ela tremia com todo o medo que sentia, e não conseguia falar direito por causa do estado de choque em que se encontrava. Aproximei-me de sua orelha direita, que se encontrava mais próxima da beira da Cama.
“A melhor parte da vida é saber que um dia ela acaba.”
Ela sussurrou de volta “por quê?”
Dei uma ultima olhada pela janela que estava na parede próxima à cama. As árvores gritavam baixinho, e a lua no céu me olhava com muita atenção. Com olhos cor-de-mel repousando sobre as nuvens que cobriam o céu daquela noite.
A menina negra dos olhos amarelados era a única testemunha da minha escuridão naquela noite.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Capitulo 1º: Presage.

“Vamos nos dividir em grupos de três, vocês três vão por traz, vocês vão pela entrada da frente, quero dois atiradores para cada janela. Charlie e Adam, vocês vem comigo, vamos entrar pela entrada da lateral.”
Tudo estava sendo trabalhado com a maior cautela possível.
“Vamos, vamos, vamos.”
Aportamos ao átrio principal da casa, nenhum vestígio de briga, sem sangue, gritos ou qualquer outra coisa que caracteriza a cena de um crime.
“Limpo”
“Limpo”
Um a um todos os cômodos estavam sendo checados.
“Manchas de sangue nos degraus da escadaria que leva ao segundo andar.”
Os músculos de Adam travaram, a tensão era bem grande para ele. Acabara de perder a mulher em um brutal assassinato, havia alguns meses.
Ele foi subindo, não havia meios para esconder o medo que se despertava no âmago de seu ser, mas ele tinha que ter coragem, para poder salvar uma pessoa que muito provavelmente estava em perigo. Isso fazia parte de seu trabalho.
Com o passar do tempo, ele subia, e ninguém chegava, o silencio gritava cada vez mais estridente aos seus ouvidos.
Cada vez mais o cenário perdia as características de uma casa comum, e tomavam o formato de um filme de terror, e o assassino cruel poderia estar ali escondido em qualquer lugar.
O vermelho do cenário o deixava cada vez mais angustiado, e nenhum grupo de apoio vinha lhe dar assistência.
Passando pela sala, adentrou o corredor que levava aos quartos, quando à frente da porta de um deles viu uma poça de sangue maior do que as que vira anteriormente. Um ultimo suspiro para relaxar, antes de vislumbrar aquela cena de horror.
Aqueles olhos Azuis o olharam com cansaço, tristeza, ódio, Dor. Ele chegara tarde de mais, só teve tempo de olha seu ultimo suspiro. A fuga de todo o sofrimento que passara.
Ela estava seminua. Tinha olhos azuis, uma pele branca, agora vermelha, branca, alva como neve. Cabelo liso, grande, se estendia até a cintura, ela usava uma franja um pouco abaixo da sobrancelha, mas não chegava a bater nos olhos, olhos esses que acentuavam a beleza de seus cabelos loiros.
O Sangue ainda escorria de seu corpo, não poderia haver mais de vinte ou trinta minutos que haviam desferido o golpe que lhe traria à morte.
Adam se aproximou vagarosamente, olhando tudo ao seu redor, para ter certeza de que não seria surpreendido. Quando, chegando bem perto dela, percebeu que o cristalino de seu olho havia sido retirado, Ela não podia ver nada.
Ela estava pendurada na parede, por uma estaca que estava cravada em seu coração. Seu corpo estava todo dilacerado, desde a ponta do pé até o pescoço. Porém, nenhum tipo de corte em seu rosto, a única coisa em seu rosto, era que lhe haviam tirado a visão.
Mesmo morta, ela ainda tinha alguns espasmos, por causa dar dor que sofrera. Quando ele a analisava de perto, ela vomitou, vomitou muito sangue, e Adam ficou encharcado de sangue.
Ele não suportou toda aquela cena, que o lembrava da morte de sua amada. A força se esvaiu de seu corpo e então ele caiu no chão. Esses últimos segundos foram assistidos pelos colegas que tinham acabado de chegar ao recinto.
Com a chegada dos policiais à cena do crime, os peritos, que estavam do lado de fora, entraram na casa para poder analisar o que tinha acontecido.
Sendo ajudado pelos amigos, Adam saiu daquela casa, mas ainda se sentia muito fraco, então foi mandado de volta para casa, para poder descansar um pouco, e relaxar de toda a tensão que tinha passado.
***
A cerca de três anos atrás, nós da policia fomos chamados, por um anônimo, que pedia socorro, em uma casa, que até hoje me lembro como era.
Tudo estava escuro, o imóvel parecia mais uma casa mal assombrada, porem muito bem conservada. Aquelas portas colossais com desenhos mitológicos, as janelas rústicas, tudo perfeito para dar medo, terror. A casa tinha dois andares, era muito grande, e cores escuras davam uma imponência maior à casa. Naquele dia, viramos os protagonistas de uma trama que levaria ao nascimento de um demônio. Essa seria sua primeira morte, pelo menos era o que tudo indicava.
Como era sua primeira morte, ao menos dessa magnitude, a cena não era tão bem feita como às que ele faz atualmente. Mas mesmo assim, era de aterrorizar até o mais frio dos psicopatas.
Os olhos, dela tinham sido furados, e de acordo com o relatório de óbito, isso tinha ocorrido com ela ainda viva.
Na parede acima dela estava escrito com sangue as seguintes palavras:
“Para toda morte, nascem muitas outras vidas. Esse é o cenário de mais um nascimento.”
Quando o telefone da central toca, todos já começamos a ficar aflitos, quando esta perto de matar alguém, ele liga para a policia, com a voz modificada por computadores, ele fala sempre as mesmas palavras “Escutem isso” e então vem os gritos de desespero.
Tudo é friamente calculado por ele, quando chegamos, a vitima esta ou prestes a morrer, ou morreu há poucos segundos. Nunca temos tempo de salvá-las. Muito sangue pela casa, e a morte sempre acontece no segundo andar. Nunca deixa pistas, a casa é sempre analisada cômodo por cômodo a fim de encontrar qualquer coisa que nos possa levar ao assassino, mas nada, absolutamente nada até hoje veio à tona.
Era como se ele fosse um fantasma, um demônio, ou qualquer coisa imaterial, que tivesse passado por ali e feito aquele estrago, as cenas só mostravam que a pessoa estava ali sozinha.
O objetivo dele é trazer o medo à sociedade. E parece que está conseguindo.
***
Eu estava perdido em meus devaneios, era como se estivesse em algum tipo de transe, mas quando me dei conta de que estava no trabalho, percebi que o telefone estava tocando, e sem dar muita importância atendi.
“Olhem”
Aquela voz computadorizada me era conhecida, um arrepio saiu de minha cabeça e percorreu todo o meu corpo. Sem desligar o telefone, olhei para o lado, fui o primeiro a ver, uma moça, de aproximadamente vinte e três anos se aproximando da porta da estação policial.
“Esse medo em seus olhos...”
Apertei o botão de alarme.
“Faz-me sentir vivo.”
A menina se apoiou no portão de vidro da entrada, olhou para mim.
“Ele...”
E então caiu ao chão.
- Rápido, ele está por perto! Vão atrás deles! Ele pode nos ver exatamente agora! Corram!
“Nem todo o esforço do mundo vai te fazer me encontrar. Adeus.”
E então os olhos deram ficaram sem vida, e com um ultimo suspiro eles se fecharam.
Eu ouvi as viaturas policiais ligarem as sirenes, e as vi indo embora.
Aproximei-me devagar da menina. O Corpo todo rasgado, cortes pequenos, mas por toda a extensão, desde o pé até o pescoço. Olhei para os olhos dela. Antes do ultimo suspiro ela podia me ver, foi a ultima coisa que ela pode ver, ela me assistia paralisado de medo enquanto eu a via morrer. Tudo que ela sabe é que não pude ajudar.
Seus tímpanos foram furados, assim ela não poderia ouvir as viaturas indo procurar quem fizera isso a ela. Como já disse, tudo foi perfeitamente planejado por ele, ela morreu sem saber que nos ao menos tentamos a ajudar. Morreu só.
Os policiais de todas as centrais foram avisados, fizeram uma busca incessante em volta de toda a cidade, focaram-se principalmente no entorno do departamento policial, todos os lugares que ao redor dali que conseguiria ter uma visão direta daquele lugar. Mas nada. Mais uma vez, era como se nada tivesse acontecido. Nossa única pista era aquela ligação.
Escutamos a gravação dezenas de vezes, a procura de uma falha, a procura de qualquer coisa que poderia nos levar a qualquer tipo de pistas. Estávamos desesperados e aflitos. O caso tomou o conhecimento publico, e o medo tem avassalado a cidade, as pessoas não saem mais de casa, está tudo tomando proporções tão grandes que não podemos mais controlar.
Então colocamos no jornal a gravação da voz, para podermos procurar alguém que a reconhecesse, colocamos um numero a disposição das pessoas para denunciarem sobre esse caso. E a todo o momento ficávamos com medo, de acontecer mais um assassinato.
Ele estava a nossa espreita.