sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Capitulo 2º: First Step

O relógio marcava meia noite.
Sentei-me na poltrona à sua espera, parecia que o ponteiro se movia cada vez mais lentamente.
As luzes da sala estavam desligadas, lá de dentro daquela casa eu conseguia ver todo o movimento na rua, quero dizer, conseguia ver que não havia nenhum movimento na rua. Ela nunca demorara tanto para chegar.
Seu nome é Rachel, loira, olhos castanhos, um metro e setenta de altura, um rosto fino e delicado, aquele tipo de mulher que todos param para admirar. Ela tinha uma franja que parava pouco acima de seus olhos, um cabelo ondulado, suas sobrancelhas eram extremamente bem desenhadas, e seus lábios eram delicadamente perfeitos. Parecia ser filha de Afrodite.
Ela era uma engenheira civil extremamente bem sucedida e independente. Solteira.
“Raaaaaam” Pela primeira vez nessa noite eu ouvi o rouco do motor do carro dela. As luzes chegaram um pouco depois que eu ouvi o barulho ao longe.
Ela passou pelo portão principal daquela casa, deu a volta na estatua que bifurcava a pista e parou o carro em frente à fachada da casa que era sustentada por dois pilares de mais ou menos 4 metros de altura cada, com desenhos esculpidos em seu fuste que lembravam vagamente a coluna de trojano, em Roma.
Ela desceu do carro com todo o seu charme e sua elegância. Estava trajada com um vestido Prada Vermelho-sangue, nos pés calçava um sapato preto clássico, segurava uma bolsa pequena em suas mãos. Tinha um colar e uma pulseira dourados.
Mas o que eu não esperava aconteceu.
Eu já deveria ter previsto.
Da porta esquerda do carro, a porta do carona, saiu um rapaz com boa aparência, ele estava dentro de um terno preto, por baixo do terno estava com uma camisa branca e com uma gravata de cor próxima a do terno.
Eu não poderia dar para trás agora. Estava tudo pronto, e tudo planejado.
De um segundo para o outro meu coração disparou. Sentia em minha cabeça o sangue pulsando. Ao mesmo tempo em que estava determinado a terminar o que eu tinha começado o medo começava a dominar meus pensamentos.
Acolhi-me atrás da porta da entra, que tinha aproximadamente 3 metros de altura. De repente a porta girou, ela o fez entrar primeiro, e assim que fechou a porta eu me vi obrigado a terminar o que tinha começado.
Ela fez uma cara de surpresa ao perceber que o som central da casa estava tocando uma das sinfonias de Beethoven.
Ela correu para desligá-lo. Quando o fez, eu me levantei devagar. Foi nessa hora que o rapaz que a acompanhava olhou para traz e me viu ali, escondido na escuridão.
Pude ver a expressão de surpresa e ao mesmo tempo uma pitada de medo em seu olhar.
Levantei-me vagarosamente, e quando ele conseguiu abrir a boca para falar algo, já era tarde de mais, já estava morto. Com um corte no pescoço. Não deu tempo nem mesmo dele entender o que estava acontecendo.
Ela olhou para mim com terror.
“eu não tinha planejado mais alguém nessa casa. Não foi o dia dele hoje.”
“que-quem é você?”
Ela estava com tanto medo que congelou depois disso.
Conforme fui me aproximando o pânico aumentava.
Ela só podia ver minha sombra.
Não tinha noção do que estava vendo
Estava tudo muito escuro.
Apliquei uma injeção de etorfina em seu braço.
Ela desmaiou, coloquei-a em meus braços, e subi até o segundo andar da casa, onde seu quarto já estava preparado.
Coloquei-a em cima da cama, e peguei meu equipamento, e então sujei pela primeira vez minhas mãos com sangue inocente.
Perfurei com cuidado seus olhos, um procedimento cirúrgico para extrair os cristalinos dos mesmos.
Para que ela não me pudesse ver.
Depois de um tempo que eu tinha terminado ela acordou, ela pensava que era tudo somente um pesadelo, mas quando abiu os olhos, o pesadelo ainda não tinha acabado.
Mais uma vez o medo tomou conta dela
Ela começou a gritar, começou a tentar correr pelo quarto. Batia-se nas coisas e acabava se machucando.
“POR QUÊ?!”
Eu não tinha respostas para essa pergunta, só sabia que o tinha que fazer.
Então
Comecei.
Um monte de facadas, aparentemente aleatórias, mas que apresentavam uma coisa em comum, nenhum ferimento mortal.
Os gritos de dor me machucavam um pouco, mas me faziam sentir melhor.
Isso não foi rápido, demoraram algumas horas.
O que mais a dava desespero era que ninguém a podia ouvir. Sua casa havia sido construída longe de qualquer outra, visando estar em um lugar pacifico e calmo. Que ironia.
Quando ela já estava sem forças para continuar vivendo vinha a parte principal dessa trama.
“tuuuu tuuuu”
A polícia atendeu
Tudo o que puderam ouvir foi: Ajudem-me. Ele vai me matar.
E então abri um corte bem pequeno abaixo de seu braço, que perfurava sua artéria braquial, um furo pequeno o suficiente para que desse tempo para os policiais chegarem e ela ainda estar viva. Em seus últimos suspiros.
Então a deixei no quarto, deitada em sua cama. Já não mais trajada em seu lindo vestido, coloquei-a em um short e uma blusa, ambos de seda, que eu havia achado em seu armário.
Ela tremia com todo o medo que sentia, e não conseguia falar direito por causa do estado de choque em que se encontrava. Aproximei-me de sua orelha direita, que se encontrava mais próxima da beira da Cama.
“A melhor parte da vida é saber que um dia ela acaba.”
Ela sussurrou de volta “por quê?”
Dei uma ultima olhada pela janela que estava na parede próxima à cama. As árvores gritavam baixinho, e a lua no céu me olhava com muita atenção. Com olhos cor-de-mel repousando sobre as nuvens que cobriam o céu daquela noite.
A menina negra dos olhos amarelados era a única testemunha da minha escuridão naquela noite.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Capitulo 1º: Presage.

“Vamos nos dividir em grupos de três, vocês três vão por traz, vocês vão pela entrada da frente, quero dois atiradores para cada janela. Charlie e Adam, vocês vem comigo, vamos entrar pela entrada da lateral.”
Tudo estava sendo trabalhado com a maior cautela possível.
“Vamos, vamos, vamos.”
Aportamos ao átrio principal da casa, nenhum vestígio de briga, sem sangue, gritos ou qualquer outra coisa que caracteriza a cena de um crime.
“Limpo”
“Limpo”
Um a um todos os cômodos estavam sendo checados.
“Manchas de sangue nos degraus da escadaria que leva ao segundo andar.”
Os músculos de Adam travaram, a tensão era bem grande para ele. Acabara de perder a mulher em um brutal assassinato, havia alguns meses.
Ele foi subindo, não havia meios para esconder o medo que se despertava no âmago de seu ser, mas ele tinha que ter coragem, para poder salvar uma pessoa que muito provavelmente estava em perigo. Isso fazia parte de seu trabalho.
Com o passar do tempo, ele subia, e ninguém chegava, o silencio gritava cada vez mais estridente aos seus ouvidos.
Cada vez mais o cenário perdia as características de uma casa comum, e tomavam o formato de um filme de terror, e o assassino cruel poderia estar ali escondido em qualquer lugar.
O vermelho do cenário o deixava cada vez mais angustiado, e nenhum grupo de apoio vinha lhe dar assistência.
Passando pela sala, adentrou o corredor que levava aos quartos, quando à frente da porta de um deles viu uma poça de sangue maior do que as que vira anteriormente. Um ultimo suspiro para relaxar, antes de vislumbrar aquela cena de horror.
Aqueles olhos Azuis o olharam com cansaço, tristeza, ódio, Dor. Ele chegara tarde de mais, só teve tempo de olha seu ultimo suspiro. A fuga de todo o sofrimento que passara.
Ela estava seminua. Tinha olhos azuis, uma pele branca, agora vermelha, branca, alva como neve. Cabelo liso, grande, se estendia até a cintura, ela usava uma franja um pouco abaixo da sobrancelha, mas não chegava a bater nos olhos, olhos esses que acentuavam a beleza de seus cabelos loiros.
O Sangue ainda escorria de seu corpo, não poderia haver mais de vinte ou trinta minutos que haviam desferido o golpe que lhe traria à morte.
Adam se aproximou vagarosamente, olhando tudo ao seu redor, para ter certeza de que não seria surpreendido. Quando, chegando bem perto dela, percebeu que o cristalino de seu olho havia sido retirado, Ela não podia ver nada.
Ela estava pendurada na parede, por uma estaca que estava cravada em seu coração. Seu corpo estava todo dilacerado, desde a ponta do pé até o pescoço. Porém, nenhum tipo de corte em seu rosto, a única coisa em seu rosto, era que lhe haviam tirado a visão.
Mesmo morta, ela ainda tinha alguns espasmos, por causa dar dor que sofrera. Quando ele a analisava de perto, ela vomitou, vomitou muito sangue, e Adam ficou encharcado de sangue.
Ele não suportou toda aquela cena, que o lembrava da morte de sua amada. A força se esvaiu de seu corpo e então ele caiu no chão. Esses últimos segundos foram assistidos pelos colegas que tinham acabado de chegar ao recinto.
Com a chegada dos policiais à cena do crime, os peritos, que estavam do lado de fora, entraram na casa para poder analisar o que tinha acontecido.
Sendo ajudado pelos amigos, Adam saiu daquela casa, mas ainda se sentia muito fraco, então foi mandado de volta para casa, para poder descansar um pouco, e relaxar de toda a tensão que tinha passado.
***
A cerca de três anos atrás, nós da policia fomos chamados, por um anônimo, que pedia socorro, em uma casa, que até hoje me lembro como era.
Tudo estava escuro, o imóvel parecia mais uma casa mal assombrada, porem muito bem conservada. Aquelas portas colossais com desenhos mitológicos, as janelas rústicas, tudo perfeito para dar medo, terror. A casa tinha dois andares, era muito grande, e cores escuras davam uma imponência maior à casa. Naquele dia, viramos os protagonistas de uma trama que levaria ao nascimento de um demônio. Essa seria sua primeira morte, pelo menos era o que tudo indicava.
Como era sua primeira morte, ao menos dessa magnitude, a cena não era tão bem feita como às que ele faz atualmente. Mas mesmo assim, era de aterrorizar até o mais frio dos psicopatas.
Os olhos, dela tinham sido furados, e de acordo com o relatório de óbito, isso tinha ocorrido com ela ainda viva.
Na parede acima dela estava escrito com sangue as seguintes palavras:
“Para toda morte, nascem muitas outras vidas. Esse é o cenário de mais um nascimento.”
Quando o telefone da central toca, todos já começamos a ficar aflitos, quando esta perto de matar alguém, ele liga para a policia, com a voz modificada por computadores, ele fala sempre as mesmas palavras “Escutem isso” e então vem os gritos de desespero.
Tudo é friamente calculado por ele, quando chegamos, a vitima esta ou prestes a morrer, ou morreu há poucos segundos. Nunca temos tempo de salvá-las. Muito sangue pela casa, e a morte sempre acontece no segundo andar. Nunca deixa pistas, a casa é sempre analisada cômodo por cômodo a fim de encontrar qualquer coisa que nos possa levar ao assassino, mas nada, absolutamente nada até hoje veio à tona.
Era como se ele fosse um fantasma, um demônio, ou qualquer coisa imaterial, que tivesse passado por ali e feito aquele estrago, as cenas só mostravam que a pessoa estava ali sozinha.
O objetivo dele é trazer o medo à sociedade. E parece que está conseguindo.
***
Eu estava perdido em meus devaneios, era como se estivesse em algum tipo de transe, mas quando me dei conta de que estava no trabalho, percebi que o telefone estava tocando, e sem dar muita importância atendi.
“Olhem”
Aquela voz computadorizada me era conhecida, um arrepio saiu de minha cabeça e percorreu todo o meu corpo. Sem desligar o telefone, olhei para o lado, fui o primeiro a ver, uma moça, de aproximadamente vinte e três anos se aproximando da porta da estação policial.
“Esse medo em seus olhos...”
Apertei o botão de alarme.
“Faz-me sentir vivo.”
A menina se apoiou no portão de vidro da entrada, olhou para mim.
“Ele...”
E então caiu ao chão.
- Rápido, ele está por perto! Vão atrás deles! Ele pode nos ver exatamente agora! Corram!
“Nem todo o esforço do mundo vai te fazer me encontrar. Adeus.”
E então os olhos deram ficaram sem vida, e com um ultimo suspiro eles se fecharam.
Eu ouvi as viaturas policiais ligarem as sirenes, e as vi indo embora.
Aproximei-me devagar da menina. O Corpo todo rasgado, cortes pequenos, mas por toda a extensão, desde o pé até o pescoço. Olhei para os olhos dela. Antes do ultimo suspiro ela podia me ver, foi a ultima coisa que ela pode ver, ela me assistia paralisado de medo enquanto eu a via morrer. Tudo que ela sabe é que não pude ajudar.
Seus tímpanos foram furados, assim ela não poderia ouvir as viaturas indo procurar quem fizera isso a ela. Como já disse, tudo foi perfeitamente planejado por ele, ela morreu sem saber que nos ao menos tentamos a ajudar. Morreu só.
Os policiais de todas as centrais foram avisados, fizeram uma busca incessante em volta de toda a cidade, focaram-se principalmente no entorno do departamento policial, todos os lugares que ao redor dali que conseguiria ter uma visão direta daquele lugar. Mas nada. Mais uma vez, era como se nada tivesse acontecido. Nossa única pista era aquela ligação.
Escutamos a gravação dezenas de vezes, a procura de uma falha, a procura de qualquer coisa que poderia nos levar a qualquer tipo de pistas. Estávamos desesperados e aflitos. O caso tomou o conhecimento publico, e o medo tem avassalado a cidade, as pessoas não saem mais de casa, está tudo tomando proporções tão grandes que não podemos mais controlar.
Então colocamos no jornal a gravação da voz, para podermos procurar alguém que a reconhecesse, colocamos um numero a disposição das pessoas para denunciarem sobre esse caso. E a todo o momento ficávamos com medo, de acontecer mais um assassinato.
Ele estava a nossa espreita.