quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Capitulo 6º: Lifeless

Aquele era um dia triste, todos ao meu redor estavam em dor. Abaixo de mim estava embalsamado o corpo daquela menina, que dias atras vi rangendo de dor. Até o céu chorava, menos eu.
Essa é a primeira vitima que eu vejo sendo enterrada, além de a matar eu estou aqui em seu funeral.
Via nos olhos de seu pai sua imensa triste. Com olhos fundos, escuros, e um olhar forte, não consegui esconder o que gritava no âmago de sua alma. Aquilo foi satisfatório.
Todos compartilhavam de uma mesma dor.
Charlie tinha me convidado para aquele evento pois eu era o médico mais próximo a família, e por que eu tinha sido aquele quem primeiro atendeu a menina no hospital ele queria que eu estivesse compartilhando daquele momento.
Observava todos ao meu redor, não deixava passar nada despercebido, cada lagrima, cada gesto, cada soluço, aquele era meu prêmio final.
Entre eles se destacou um menina, a que todos chamavam de Elisabeth, ela tinha seus vinte e cinco ano mais ou menos, e estava acompanhada de sua amiga Maria que teria aproximadamente a mesma idade.
Em seus olhos eu via muitos mistérios, medos, inseguranças. Uma vitima perfeita.
Diferentemente das minhas primeiras, ela tinha um cabelo escuro, um castanho escuro, prendia seu cabelo para traz e deixava apenas duas mechas que delineavam seu rosto. Tinha olhos cor-de-mel, e uma pele alva. De salto ela ficava um pouco maior do que eu, deveria ter quase um metro e oitenta de altura, com uma bela silhueta.
“Susan foi uma boa menina durante sua vida, que Deus a tenha.”
No auge do outono, eu podia ver as folhas secas caindo ao chão, eu acho que era o único ali que ficava prestando atenção nessas coisas. Essas folhas amarelo-alaranjadas tinham três pontas, e dava para ver as estrias se ramificando por dentro dela. Apesar de secas, pareciam ainda vivas.
Flashs de memória apareciam a todo tempo em minha cabeça, me lembrando da cena de duas noites atras, o grito estridente ainda inflamava meus ouvidos, eu os ouvia como se ela ainda estivesse ali do meu lado. Todo aquele desespero, aquela dor, tudo aquilo.
Parecia que ela estava olhando para mim, mesmo de olhos fechados… era como se ela ainda estivesse comigo. Ela nunca me deixara, somente a esse mundo.
No dia de seu óbito ela estava vestida de preto, um vestido que ia até pouco acima do joelho, estava com uma maquiagem leve no rosto, porém essa destacava todos os seus traços, seus olhos, seus lábios, tudo combinava. Tinha um olhar sensual, e seu vestido acentuava seu busto. Com um corpo definido e um tanto afeminado ela seria capaz de conquistar qualquer rapaz.
Eu estava em seu quarto a esperando enquanto ela tomava banho para poder sair. Demorou bastante para se arrumar, mais ou menos uma hora e meia, mas paciente que sou esperei.
Depois que estava pronta, saiu do quarto, com aquele visual estonteante. Admirei-a um pouco antes de qualquer coisa…
Depois de alguns minutos a observando, levantei-me do canto escuro aonde estava sentado, e enquanto ela estava de costas apliquei uma injeção de entorfina em seu braço para poder começar com a cirurgia.
Extraí com cuidado seus tímpanos para que ela não me pudesse ouvir, vendei-a e a deixei deitada em sua cama, até que acordasse.
Quando isso aconteceu, passei meu braço por seu corpo, agora, semi-despido para que ela pudesse saber da minha presença.
Ela não sabia bem o que lhe atacara, mas sabia que eu estava ao seu lado. Começou a suar frio, e vi uma lagrima escorrer. Perguntou algumas vezes quem era, mas não respondi, ela não tinha como saber...
Comecei meu ritual, passo a passo, todos os cortes, com direito a cada grito e cada choro. Quando ela caiu no chão já sem aguentar, sentei-me de frente a ela, e ao soar de sua voz me perguntando quem era eu respondi de um jeito simples, coloquei meu dedo na mão dela e fui escrevendo devagar.
“Dr. Chase”
Ela foi a primeira pessoa que soube quem eu era.
Em seguida, o ultimo passo do ritual.
“tuuuu tuuuu”
“Policia, em que posso ajuda-lo?”
“Socorro, ele vai me matar.”
“tu tu tu tu”
Um pequeno corte na artéria braquial.
Olhei para ela, mas percebi que estava arriscando de mais.
Cortei sua língua, o que aceleraria a sua morte, mas seria necessário, coloquei um pano em sua boca e saí do quarto.
“em nome do pai do filho e dos espirito santo, amém”
Todos se viram diante do ultimo instante em que sentiriam a presença de Susan, pareciam estar perdidos em seus olhares, lembrando de coisas distantes, cada um deles.
E por fim, o caixão foi abaixado, e ela enterrada.
De um em um foram saindo daquele lugar. O primeiro a sair foi Charlie, ele era o que aparentava estar mais abalado, não duvido nem um pouco disso, ele viu o ultimo suspiro de sua filha que morria em sua frente, e mesmo assim não pode fazer nada. Em seguida saíram Claudia e sua mãe, pouco depois Elizabeth e Maria se despediram, essa ultima teria que ir para casa de taxi. Estavamos enfim eu e Elizabeth
“Elizabeth?”
“Dr. Chase?”
“Porque ainda esta aqui?”
“Eu não tenho como ir agora, meu namorado está um pouco atrasado, mas logo logo ele chegará aqui.”
“Se importa se eu a levar para casa?”
“Seria muito melhor para mim doutor.”
“Então vamos."

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